Pop, teatro e quadrinhos: como a Blitz redefiniu a estética da música nos anos 1980
Escrito por.Direto da Redação on 15 de junho de 2022
Com a fusão de linguagens de vanguarda ao pop, grupo carioca mudou a música brasileira e inaugurou uma nova era no entretenimento com seu ‘As Aventuras da Blitz’, de 1982, um dos 80 maiores álbuns do rock nacional.
A Blitzmudou a história da música brasileira. E como se isso fosse pouco, o grupo dos vocalistas Evandro Mesquita, Fernanda Abreu e Márcia Bulcão também inaugurou uma nova era no entretenimento do país. Sem a Blitz, a década de 1980 seria bem diferente.
Os elementos já estavam no ar. Além do próprio grupo de teatro que funcionou como base para a banda – Asdrúbal Trouxe o Trombone, que além de Evandro e do guitarrista Ricardo Barreto, também revelaria nomes como Luís Fernando Guimarães, Regina Casé e Patrícia Travassos –, outros artistas já carregavam características que transformaram a Blitz em num sucesso. Tanto a Gang 90 de Júlio Barroso quanto o Grupo Rumo ou a ópera pop Clara Crocodilo de Arrigo Barnabé já flertavam com a colisão entre o pop e linguagens de vanguarda, misturando referências como quadrinhos, música erudita e vocais falados e cantados tanto por homens quanto mulheres. Mas a Blitz carregava o espírito de uma época específica – a do Rio de Janeiro do início dos anos 1980.
O grupo tomou de assalto o país com um single de um só um lado (do outro lado de “Você Não Soube Me Amar” ouvia-se apenas Evandro repetindo “Nada, nada, nada”) e, de uma hora para outra, tornou-se o som de uma nova era. O projeto de ditadura imposto pelos militares estava com seus dias contados, enquanto uma nova geração, forçava a entrada da luz à força.
A formação original da Blitz (José Pederneiras/Divulgação)
A Blitz nasceu deste movimento, materializada como banda-símbolo de outro experimento pop e de vanguarda da época, o Circo Voador, e a partir do encontro de integrantes do grupo Asdrúbal com músicos que acompanhavam Marina (entre eles o veterano Lobão na bateria). As Aventuras da Blitz(EMI-Odeon, 1982) apresentava o sexteto como uma banda de quadrinhos, super-heróis de um novo cotidiano pop, que atualizava o Brasil com as novidades que passavam longe devido à retração cultural do país em relação à cultura estrangeira. Foi um disco que derrubou a porta da década com um chute circense e apresentou o conceito de cultura pop para o Brasil na marra, além de servir como marco-zero para gerações de artistas que surgiram nos anos seguintes.
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