Djavan e Milton Nascimento constroem beleza atemporal com o primeiro dueto dos artistas
Escrito por.Direto da Redação on 25 de julho de 2022
Segundo single do ainda inédito álbum ‘D’ junta os dois gigantes da MPB na gravação de canção inusitada em que o compositor alagoano faz alerta sobre a destruição da natureza pelo Homem.
Voz divina, amplificada na era dos festivais em meio ao surgimento do gênero musical brasileiro rotulado como MPB, Milton Nascimento revelou admirável mundo novo ao Brasil a partir de 1967 ao apresentar as primeiras composições de obra de arquitetura sonora inédita.
Filho temporão dessa MPB, projetado nacionalmente em 1975 em festival que tentou em vão reeditar a fervura da era da década anterior, Djavan também se impôs (quase) instantaneamente pela moldura original do cancioneiro sinuoso, de harmonias inventivas.
É por isso que o encontro inédito de Djavan e Milton Nascimento no single Beleza destruída resulta histórico em primeira e última instância. Composição de Djavan, construída a partir da trama harmônica do violão do artista, Beleza destruída tem o toque habitualmente inusitado da obra do compositor.
Trata-se do segundo single do 26º álbum de Djavan, D, programado para ser lançado na noite de 11 de agosto com 12 músicas inéditas no repertório inteiramente autoral.
Sem reeditar a originalidade da música, a letra pueril de Beleza destruída faz alerta – tão óbvio quanto necessário – sobre a dizimação da natureza pelo predatório bicho homem com versos melancólicos que culminam no refrão (“Voar, correr, saltar, fugir / Viver pra ver o sol sair”) cantado seis vezes ao longo dos quase cinco minutos da gravação.
A gravação foi feita com produção musical e arranjo do próprio Djavan, diretor artístico do vindouro álbum D, formatado entre outubro de 2021 e maio de 2022 no estúdio mantido por Djavan na casa do artista na cidade do Rio de Janeiro (RJ), tendo sido masterizado por Greg Calbi e Steve Fallone no estúdio Sterling Sound em Nova York (EUA).
Em rotação desde as 21h de ontem, 21 de julho, Beleza destruída bisa o requinte do single anterior Num mundo de paz, lançado em 30 de junho. Do alto dos quase 80 anos de vida, Milton Nascimento se harmoniza com Djavan no canto de Beleza destruída, soltando a voz nos tons possíveis para os dias de hoje e fazendo, no meio da gravação, aqueles vocais que, nos tons celestiais da década de 1970, lhe deram o justo status de um dos maiores cantores do mundo em todos os tempos.
Incrementada com a percussão e os suaves efeitos de Marcos Suzano, a gravação de Beleza destruída também tem os toques dos músicos Felipe Alves (bateria), Marcelo Mariano (baixo) e Paulo Calasans (teclados).
Contudo, é no inédito encontro em disco de Djavan com Milton Nascimento – dois gigantes da MPB que até então nunca tinham se encontrado em discos de ambos – que reside o valor do single Beleza destruída. Juntos e misturados, Djavan e Milton Nascimento constroem beleza atemporal com o primeiro dueto dos artistas.
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